Doces memórias- I
Ainda criança, Solange morava no agreste de Alagoas. A seca assolava a região. A plantação não vingava, os animais morriam e o povo sobrevivia a sede e a fome graças a alguns vegetais resistentes à seca e animais rastejantes. Mesmo assim, as lembranças de Solange eram doces.
Sem água para beber e fazer o pão de cada dia, seguiam-se léguas e léguas até encontrar uma cacimba, ou seja, uma poça de água avermelhada. Mulheres acompanhadas com seus filhos, o pote de barro na cabeça, pés descalços naquela estrada de terra vermelha escaldante, seguiam com esperança de encontrar a fonte da vida- a água. Após longa caminhada ao retornar para casa. A mãe de Solange, pegava aquela água barrenta, deixava decantar, e, após cuava num pano de prato branquinho. Naquela época, as roupas eram clareadas após ensaboadas e expostas ao sol. A casa era de pau a pique, o piso de terra batida, mas muito limpa e organizada na medida do possível, a senhora Gilda, mãe de Solange sempre fôra uma mulher criativa, ela mesma fazia os potes e panelas de barro, bordava os panos de prato e tudo era lindo. A pobreza era tanta, não tínham cama nem rede para dormir, sua mãe forrava o chão com esteira de palha feita por ela, e lá, os aconchegava, até o dia seguinte, que só Deus sabia como iriam passar. Os irmão mais velhos e seus pais levantavam muito cedo para trabalhar em fazendas.Era uma vida muito difícil, trabalhavam em troca de um litro de feijão, e, às vezes, um punhado de milho e meia rapadura. As crianças menores ficavam em casa a espera do retorno dos pais com alguma coisa pra comer. Minha avó que morava numa pequena casinha no mesmo quintal, cuidava das crianças menores. Lembranças amargas e doces. A avó de Solange, com sua linda voz cantava para acalentar e até dormr. A avó de Solange, era muito carinhosa, os tratava com beijos, abraços e contava histórias lindas, e assim o tempo passava. Algumas lembranças ainda estão na memória de Solange, principalmente os afagos e a luta de meus pais para nos proporcionar uma vida melhor, doces memórias apesar da pobreza que assolava a familia da criança
Tonia Aleixo
Enviado por Tonia Aleixo em 12/02/2017
Alterado em 23/05/2018 |