Meu refúgio

Sentimentos e Poesias

Textos


Saudosismo

Meu marido era ferroviário, quando fui morar em Paranapiacaba meu filho tinha um ano de idade, agora com 38 anos.

Moramos na parte baixa, na Rua Direita a última casa à esquerda. Foram os anos maravilhosos, apesar da neblina e umidade do tempo, que era compensado pela tranquilidade e a liberdade que consegui criar meu filho até oito anos.

A natureza exuberante, o som do Big Bem , o apito da Maria Fumaça e o barulho dos trens, eram fascinantes!

O rio passava em frente a minha casa, os pés de bananas, flores silvestre, taioba e Cambuci, enfeitavam ainda mais o ambiente ao derredor, fora as matas nativas, sempre vivas e exuberantes.

O som do rio descendo incensadamente, o som suave como a brisa, fazia com que o romantismo tomasse conta do ambiente.

A vizinhança solidária, as brincadeiras das crianças livres na rua ou no campo, tudo era encanto.

No dia de São João, os vizinhos se reuniam, fazíamos uma linda fogueira, arrumávamos a mesa na calçada repleta de bolo de fubá, canjica, paçoca, batata doce, arroz doce e pipoca. Ali ficávamos conversando curtindo aquela noite maravilhosa, jogando conversa fora, muitas gargalhadas, era assim até de madrugada.

Éramos membro da comissão da Igreja Católica, participávamos das Quermesses, montávamos as barracas e preparávamos os lanches e guloseimas a serem vendidas para arrecadar fundo e ajudar nas despesas da Paróquia. Tudo era feito com amor e harmonia entre os componentes da comissão, foi uma bela experiencia na nossa vida.

As casas eram de madeira- pinho de riga, importada da Inglaterra, foram tombadas pelo Patrimônio Histórico. Continuamos a morar por algum tempo, depois, meu marido foi transferido para outra região, lá se foi nossa tranquilidade e liberdade, mas com respaldo positivo, fomos para nossa moradia própria.
O tempo foi passando,cada um tomou seu rumo, meu filho construiu seu ninho, meu marido se casou novamente, somos amigos para sempre, independente da dissolução.
Continuei trabalhando, amando minha profissão, pois amo o ser humano, a natureza, em tudo vejo beleza apesar das fraquezas.
Hoje sinto saudades, mas não sou solitária, porque solidão é não se amar, e eu me amo.
Tonia Aleixo
Enviado por Tonia Aleixo em 10/11/2015
Alterado em 16/12/2015
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