A Roça
E trem bão é a vida na roça Acordar de madrugada, antes do sol nascer Esquentar o corpo cum gole de café fresquinho, Cuado no cuador de pano, Numa caneca esmartada e colorida com florzinha. Acendo meu cigarro de paia feito com fumo de corda, Forte , pra guentar o dia. Com gosto pego meu emborná Com minha marmita caprichada Com arroz, feijão, torresmo e uma carninha de porco E pé na estrada, vou pra roça trabaiá, ante do sol raiar. Chego no roçal os lerão florindo, Dum lado tem arroz, Do outro tem feijão... Mais pra riba algodão, Tudo em frô, que convida os passarinhos, Lá vem as abeia também Colhê o necta da frô pra fazer o mer purinho. No meu ouvido o som dos canários, Das nambús, das maritaca e das rolinhas, Ficam tudu juntinhas, formando uma orquetra Tão bela, que me faz sair tagarelando suzinho. Vou carpindo meu roçado Pra mais tarde, colhê a semente E alimentá a minha gente. O sol se pondo no horizonte Lá no fundo das colinas, Vou pra casa feliz da vida Porque meu dia ganhei, Mas de nada recramei. Chego em casa sorridente , Abraço a minha gente Com carinho e amô, Sento no batente da porta Acendo meu cigarro de paia... Vou pra mesa jantá. Antes faço uma oração, agradeço a Deus o pão. A vida na roça é muito dura e ao mesmo tempo é bão Mais rocero é assim memo... Luta com alegria, pelo sustento da famia Noutro dia, começa tudo dinovu. Com amor no coração! Repete a rotina, Sem nunca recramá da sina, Faz tudo com sorriso no corção Eita, ser caipira da roça como é bão! Tonia Aleixo
Enviado por Tonia Aleixo em 26/07/2013
Alterado em 12/10/2015 |