Meu refúgio

Sentimentos e Poesias

Textos

Em Briga de Marido e Mulher, Não se Mete a Colher
Em Briga de Marido e Mulher, Não se Mete a Colher

A mulher nasceu da costela do homem? “...dizem quem sim”. No entanto, estamos no Sec. XXI, e a grande maioria dos homens consideram-se donos da mulher; ela é minha, minha posse!
E o nosso livre arbítrio? Será que precisamos de quantos séculos para  conquistar nosso espaço?
Não faz muito tempo, saí do trabalho, peguei ônibus como de costume, encostei minha cabeça no encosto da poltrona, e cochilando, afinal levanto muito cedo e, como o trajeto é longínquo aproveito para descansar um pouco, mas foi muito pouco mesmo. De repente ouço gritos no banco de trás:" vou te dar uma surra, quebrar tua cara e te deixar toda roxa, é isso que você merece". Acordei assustada com tamanha agressividade, indignada olhei para trás e vi dois jovens, ela aparentava  18 anos de idade e ele  21 anos.Que surpresa! Tão jovem e tão agressivo! Ele não se preocupou com os espectadores a sua volta, continuou a violentar a companheira com  ameaças e palavras de baixo calão , ela sequer sussurrava, parecia estática, anestesiada com tamanha agressividade. Sufocada pelo silêncio!Imagino a intensidade da sua dor: a dor da vergonha, a dor do desrespeito e ador mais dolorida : a dor da alma!
O ônibus estava lotado,  todos que estavam ali permanecemos atônitos, silenciosos, ou medrosos? Covardes? Será que ainda estamos no tempo em que “Briga de marido e mulher,não se mete a colher?Que tempo é esse? Ainda hoje? Não aprendemos nada? Não caiu nossa ficha que em briga de marido e mulher se mete a colher, sim! Para que não sejamos cúmplice da tirania, do desrespeito.
Nosso silêncio era de aprovação? Será? Em pleno século XXI, ainda somos coniventes com tanta tirania! O que nos anestesia, perante tal grosseria?
Em todo o trajeto, meu coração palpitava mais forte... taquicardia! Ouvindo aquela covardia de um homem a uma mulher, que sequer abrira a boca para dizer: cala-te!
E, nós marmorizados, congelados e petrificados.
Ufa! Que poder tinha este homem? Se assim merece ser chamado, homem ou agressor covarde! Insano ou consciente dos seus atos?Ele sabia muito bem o que estava fazendo, afinal,  era dono dela, podia fazer o que quisesse nada iria acontecer-lhe, a impunidade reforça tal comportamento.
A viagem continua seu destino, até a estação do metrô, cada um seguiu seu rumo.
Tal fato deixou-me indignada ! Afinal com a   existência da Lei Maria da Penha que tem como objetivo a proteção da mulher vítima de violência !Me calei! Em briga de marido e mulher, não se mete a colher prevaleceu.
A hora é de mudança!De reflexão sobre o machismo que impera cultura da  nossa sociedade.
Maciel, parceiro no livro A Bela Morde a Fera, da autora Ellen Snortland, tem um trecho que diz: “Nem toda forma de machismo é imediatamente perceptível, certamente as manifestações mais perniciosas do machismo são aquelas que se mantém ocultas na sombra do tecido social e nas profundezas do inconsciente de homens e mulheres. O homem liberal que diz que deixa sua mulher ir ao cinema sozinha é um típico exemplo disso, dos mais gritantes”.

Autoria: Tônia Aleixo
04-08-2009
Tonia Aleixo
Enviado por Tonia Aleixo em 06/08/2009
Alterado em 23/12/2010


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras